terça-feira, 29 de dezembro de 2009

CORINTO - próximo trimestre da Escola Dominical

Corinto

Gr. Korinthos.

Uma antiga cidade grega situada 8 km a sudoeste do actual canal que atravessa o Istmo de Corínto. Para sul encontrava-se uma montanha que se elevava a cerca de 550 m e no topo, conhecido por Acrocorinthus, da qual se situava uma cidadela e um templo de Afrodite. A localização de Corínto na única ligação terrestre entre o norte da Grécia e o Peloponeso, tal como o facto de a cidade possuir portos em dois golfos (o porto de Cencreia, cerca de 11 km a este de Corínto, no Golfo Sarónico e o porto de Lechaeum, 2.5 km a oeste no Golfo de Corínto), era responsável pela sua importância e riqueza. Corinto estava ligada a Lechaeum por dois muros paralelos. Uma vez que o canal (construído entre 1881 e 1893), ocupando todos os 8 km de largura do istmo, não existia nos tempos antigos, os pequenos barcos eram, muitas vezes, arrastados por um trilho em terra firme (conhecido por diolkos), desde o Golfo Sarónico até ao Golfo de Corínto e vice-versa.

Os primeiros colonos de Corínto não eram gregos. Mais tarde, os fenícios instalaram colonos nesta cidade e ele envolveram-se na manufactura de púrpura tingida com uma substância feita a partir de marisco. Dedicaram-se também à manufactura de têxteis, cerâmica e armaduras. Na última parte do 2º milénio, o povo de Ática tomou Corínto e, mais tarde, os dórios conquistaram-na. A cidade caiu nas mãos de Filipe da Macedónia e permaneceu sob controlo macedónio até que os romanos a declararam independente em 196 AC. Rebelou-se contra Roma e foi completamente destruída por Mummius em 146 AC, permanecendo em ruínas durante um século. Júlio César deu início à reconstrução da cidade em 44 AC, tornando-a capital da província senatorial da Acaia, com estatuto de colónia e tendo sido apelidada de Colonia Laus Iulia Corinthiensis. Por causa deste seu estatuto, tornou-se na residência de um procônsul (At 18:12). Este oficial mantinha a sua corte no centro do agora, ou mercado, tal como revelaram as escavações. A nova cidade tinha muitos templos, basílicas e uma grande quantidade de lojas.

Na cidade viviam muitos romanos, gregos e orientais. Existia ali também uma comunidade judaica suficientemente grande para possuir a sua própria sinagoga. Foi encontrado um caixilho de pedra onde se podia ler: “[Sina]goga dos Hebr[eus]”. Esta inscrição mostra que o caixilho pertenceu a um edifício do século IV AC que poderá, contudo, ter-se situado no local onde se situara a sinagoga do tempo de Paulo (At 18:4). O contraste entre o estatuto social de uma população muito variada era grande, sendo que dois terços da população eram composta por escravos. Por isso, muitos eram pobres e um pequeno número era extremamente rico.

A cidade era universalmente conhecida pela sua imoralidade. O termo “rapariga coríntia” era sinónimo de “prostituta” e “corintianizar” significava levar uma vida imoral. Nas comédias gregas, “coríntio” era ocasionalmente a designação dada aos bêbados. De acordo com Estrabão, existiam cerca de mil raparigas escravas trabalhando como prostitutas no templo, no santuário de Afrodite, localizado no Acrocorinthus. Uma inscrição mostra que tinham os seus próprios lugares no teatro. Estas condições lançam alguma luz sobre as referências que Paulo faz à imoralidade no mundo pagão, nas suas duas cartas aos coríntios (1Co 5:1; 1Co 6:9-20; 1Co 10:8; 2Co 7:1) e na sua carta aos romanos (Rm 1:18-32), escrita quando ele esteve em Corínto durante a sua terceira viagem missionária.

Expedições americanas têm levado a cabo escavações intermitentes em Corínto desde 1896. Praticamente todo o agora foi escavado, assim como secções da estrada de Lechaeum, do Odeão, do teatro, do templo de Asclepius e de algumas outras estruturas isoladas. Estas escavações tornaram possível o conhecimento correcto da vida na antiga Corínto. Foi descoberta uma inscrição contendo o nome de Erasto (provavelmente o homem mencionado em Rm 16:23); também uma do mercado do peixe (cf. o “açougue” de 1Co 10:25). No agora, foi descoberto o Bema, o tribunal do procônsul (At 18:12). Foi identificado por uma inscrição descoberta perto desse local.

Paulo esteve em Corínto na sua segunda viagem missionária e passou dezoito meses na cidade. Durante este tempo, fundou uma igreja (At 18:1-18) que, subsequentemente, exerceu grande influência. Mais tarde, Apolo trabalhou em Corínto com um considerável sucesso (At 18:24, 27, 28; At 19:1; 1Co 3:4). Paulo poderá ter visitado a cidade novamente durante a sua estadia de três anos em Éfeso (2Co 12:14; 2Co 13:1). Passou algum tempo em Corínto, provavelmente três meses, no fim da sua terceira viagem missionária, por volta do inverno de 57/58 DC (At 20:2, 3). Na sua carta a Timóteo, Paulo terá querido dizer que fizera, pelo menos, uma última visita a Corínto depois do seu primeiro encarceramento em Roma (2Tm 4:20). Duas das mais longas cartas de Paulo agora existentes foram escritas à igreja de Corínto. Pelo menos uma outra carta se perdeu (1Co 5:9).

Publicado na Enciclopédio Mundo Bíblico

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